Política expansionista da Polônia [Anexo 3]
Registro | RG-ARQ/10 |
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Classificação | Reservado |
Tipologia | Oficio |
Data | 1936-11-15 |
Cidade | Varsóvia |
Estado | Mazóvia |
País | Polónia |
Código | 108 |
No. Doc. | 650.4(04) |
Páginas | 5 |
Idioma | Português |
Instituição de origem
De: Jorge Latour
Cargo: Encarregado dos Negócios do Brasil em Varsóvia
Instituição: Legação do Brasil em Varsóvia
Instituição de destino
Para: José Carlos de Macedo Soares
Cargo: Ministro dos Relações Exteriores
Instituição: Ministério das Relações Exteriores
Ofício nº 108 de Jorge Latour, da Legação do Brasil em Varsóvia, para José Carlos de Macedo Soares informando o envio de dois documentos anteriores (ofício n° 90 de 30/09/36 e a nota n° 278/Br/36 de 14/07/36), relativo à expansão nacional da Polônia. 2. Apesar das constantes tensões, a Polônia sempre foi e é uma nação forte, "animado de um patriotismo que não esmorece na adversidade e se anima exageradamente nos momentos felizes da patria". [p.1] 3. Comenta sobre a posição geográfica "até certo ponto ingrata", favorável à sua posição na balança do equilíbrio oriental europeu, não tardando a Polônia a considerar-se "grande potencia". [p.2]4. Nas recentes reuniões de Genebra, o ministro polonês Beck concretizou estas preocupações imperialistas do seu país através de discursos e artigos da imprensa polonesa. Para tanto, pede como primeiro passo, uma reorganização da Comissão dos Mandatos da Liga das Nações. Os serviços de emigração e imigração do B.I.T. sofrerão a repercussão correspondente de tal iniciativa. [p.2]5. As investidas do Ministro dos Negócios Estrangeiros em Genebra causou certa repercussão na Europa, principalmente em países como a Inglaterra, a França, a Alemanha e a Itália. O Brasil, país eminentemente imigrantista, mas considerado pelo capitalismo mundial como uma semi-colônia, receberá preferências decisivas da Polônia. [p.2]6. Os poloneses emigrados da Polônia e esparsos no mundo somam um total de 8.000.000, que ainda mantêm um espírito continuamente voltado para a pátria de origem. Os filhos dos poloneses nascidos no estrangeiro faziam cursos de "polonização". Há ainda congressos periódicos, em Varsóvia, tendentes a aperfeiçoar o pan-polonismo. [p.3]7. Encontram-se na Polônia, no período, quase duas dúzias de brasileiros, filhas de poloneses no Paraná e segundo Latour; "bem mais polonezes do que brasileiros". 8. Para confirmar as inclinações imperialistas polonesas, Latour relembra uma nota do Ministro Grabowski ao Itamaraty, "onde se fala abertamente de compra de" latifúndio por sociedade propositadamente constituídas. Esta técnica de expansão já havia sido usada pelos japoneses. [p.3] Para Latour, "a Polônia é sempre um contra-peso opportuno na equilibrada balança da política européa e conhece bem os meandros de Genebra e adjacencias". [p.4]9. O encarregado ainda pede ao ministro o estudo em conjunto, mediante: "a) negativa á pretensão formulada pela Legação da Polônia no Rio de Janeiro. b) instrucções adequadas para que esta Legação, o Consulado em Genebra e as Missões diplomaticas que directa ou indirectamente possam observar tal questão". [p.4] 10. Para finalizar, Latour relembra que o Brasil, que já recebeu fluxos migratórios, não deixará de ser cogitado no momento político e econômico vigente. [p.4]
- Anexo ao ofício nº 3, de 27 de Janeiro de 1937.