Comissão de Londres
Registro | RG-ARQ/117 |
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Classificação | Confidencial |
Tipologia | Oficio |
Data | 1939-02-21 |
Cidade | Genebra |
Estado | Genebra |
País | Suíça |
Código | 12 |
No. Doc. | 640.16(99) |
Páginas | 7 |
Idioma | Português |
Instituição de origem
De: Hélio Lobo
Cargo: Representante do Brasil no Conselho de Administração da Repartição Internacional do Trabalho
Instituição: Consulado Geral do Brasil em Genebra
Instituição de destino
Para: Cyro de Freitas Valle
Cargo: Ministro de Estado Interino das Relações Exteriores
Instituição: Ministério das Relações Exteriores
Informa sobre a reunião da Comissão de Londres para os proscritos da Alemanha e antiga Áustria.
2. A reunião teve caráter confidencial, na casa do Sr. Myron C. Taylor. O Sr. H. Bérenger não compareceu e foi substituído pelo embaixador da França em Londres, o Sr. Charles Corbin. O Sr. Bucker Andrae foi substituí do pelo Ministro da Holanda junto do Governo Inglês. [p.1]
3.O diretor da Comissão, George Rublee atenta para a necessidade de guardar-se a mais estrita reserva quanto aos documentos e às conversações dessa reunião. [p.1]
4. Os documentos circularam à mão, sem remessa postal. No Times e outros jornais saiu um resumo do que acontecera. "Era evidente que ao Foreign Office cabia a responsabilidade de indiscrição, constante também de uma declaração de Havas. Já em Evian essa agencia obtivera dos delegados franceses informações reservadas". [p.2]
5. Nos dias 13 e 14 , em Lancaster House, duas reuniões sob a presidência dos Lord Wintherton, compareceram os representantes de uma série de países. [p.2]
6. O Governo Inglês ofereceu um almoço no Savoy Hotel e o Sr. Myron C. Taylor, em Claridges, em despedida ao Sr. Rublee. [p.2]
7. O programa da reunião: "a) reorganização da Comissão; b) negociação com a Alemanha; c) admissão de sudetos e polonêses; d) recepção pelos países de imigração; e) situação financeira da Comissão". [p.2]
8. Sobre a necessidade de coordenação da Comissão de Londres à Sociedade das Nações. [p.2]
9. Sobre o Sr. Rublee, "só acedeu aliás às instâncias do Presidente Roosevelt". [p.3]
10. Os órgãos serão independentes e o Sr. Herbert Emerson servirá sem retribuição pecuniária. [p.3]
11. Como Vice Diretor, Sr. Robert Pell, do Departamento de Estado desde Evian. Saem o Sr. Cotton e o Sr. Rublee. O Sr. R. Makings teve outro destino no Foreign Office, e é substituído pelo Sr. B. Reilly. [p.3]
12. Como Vice Presidente, Le Breton, Embaixador da Argentina em Londres. [p.3]
13. Sobre as negociações com a Alemanha; o Reich não reconhece a Comissão de Londres. [p.3]
14. Esta situação deu lugar a discussões e "parecendo a alguns países da américa-latina que não deveria continuar". [p.3]
15. Não se trata de ligar a saída dos judeus alemães ao comércio. As resoluções foram votadas para que houvesse unanimidade. [p.4]
16. "(...) quanto à admissão na área de ação da Comissão, de 10 a 15 mil polonêses expulsos da Alemanha. Tal foi o impasse creado, que tive que propôr fosse a questão submetida aos Governos, pois os representantes do Chile e de São Domingos impugnavam a solução de mesa, segundo a qual tratava de uma faculdade de interpretação a cargo da Comissão. E como tal se votou." [p.4]
17. Os E.U.A. recebem além da quota anual (27.000), milhares de outros judeus mediante vistos temporários. "Também está procedendo um estudo na Guiana Inglêsa, além do que leva a cabo nas Filipinas". [p.4]
18. A colocação de israelitas nessa Guiana e na Holandesa precisa ser examinada pelo Brasil. [p.4]
19. A França tem fugitivos da Espanha e da Alemanha. [p.4]
20. A Holanda já tem sua capacidade de absorção esgotada (15.000 refugiados). O Suriname está sendo estudado para uma possível imigração. A Bélgica recebeu 12.000 israelitas, dos quais, 9.000 são ilegais e enviaram 2.000 ao Congo. [p.5]
21. O Paraguai se dispõe a receber agricultores. São Domingos declara aceitar 100.000 israelitas alemães, desde que sem despesas. A Austrália, 15.000 em 3 anos, de preferência para os que tiverem capitais. [p.5]
22. O Brasil já havia comunicado à comissão sua cifra de 200.000 judeus, no entanto o número efetivo é de 80.000 por ano. [p.5]
23. Os judeus residentes na Alemanha, antiga Áustria e Sudetos são cerca de 600.000. Entre 15 e 45 anos: 150.000; dependentes: 250.000; acima de 45 anos: 200.000. "O plano de emigração tratará de colocar 150.000 que vivem de suas ocupações" com os 250.000 dependentes. [p.5]
24. O plano separa os judeus acima de 45 anos de seus descendentes. "É inacreditável que um povo da cultura espiritual e do progresso material da Alemanha se proponha expulsar milhares de seus concidadãos. Sob pretexto de que pertencem a uma raça a que tanto deve". [p.6]
25. Salienta a contradição entre a atitude de alguns países quanto às decisões da Comissão e seu retraimento quanto à parte que possam ter na imigração israelita. [p.6]
26. "Ao Brasil coube um dos lugares de vice-presidência". Esperava-se que aceitassem um contingente maior, devido ao tamanho do país. [p.6]
27. Sua diretriz na Comissão vêm sendo de cautela. [p.6]
28. "Se se apresentar, por exemplo, ocasião e caso Vossa Excelência não decida o contrário, votarei pela aceitação dos referidos polonêses." [p.7]
29. Um "memorandum contendo o resumo do texto das instruções dessa Secretaria de Estado" será remetido à Comissão em Dezembro. [p.7]
- Carimbo: S. de E. das Relações Exteriores. Serviço de Comunicações. 08/04/1939 nº 5565.
- Carimbo: Saido 03/05/1939.
- Nota: "Seguiu uma cópia por via aérea".
- Nota: "O anexo mencionado no parágrafo 27 segue junto ao original, por via ordinaria".