Imigração judaica em São Paulo

2. Oswaldo Aranha, Ministro das Relações Exteriores, enfatiza ao interventor de São Paulo a preocupação do governo brasileiro com o povoamento do país. Para ele, necessitávamos de correntes imigratórias que viessem "lavrar o sólo, ao mesmo tempo que se identifiquem com o ambiente brasileiro, não constituindo, jamais, elementos subversivos ou dissolventes e com tendências a gerar quistos raciais, verdadeiros corpos estranhos no organismo nacional, tal como acontece com os israelitas e os japoneses". [p.1] 3. O documento faz considerações em relação aos judeus que, devido a conjuntura européia, estariam forçando a entrada no Brasil. 4. O israelita, segundo Aranha, é "radicalmente avêsso à agricultura e não se identifica com outras raças e outros credos". Se isolado, poderia ser assimilado, mas em massa, constituirá um "iniludível perigo para a homogeneidade futura do Brasil". [p.2] 5. Referindo-se as perseguições nazistas, considera que o Brasil não seria um destino de interesse para os semitas não fosse a atitude antissemita de certos países na Europa. [p.2]6. Tais impressões se formaram após ter conhecido Frederico Zausmer,"israelita austríaco, naturalizado brasileiro", que se apresentou como sendo auditorda Polícia Militar de São Paulo. [p.2]7. Zausmer portou-se como se fosse "advogado da comunidade israelita". [p.2]10. Oswaldo Aranha pede que o interventor tome ciência dos anexos que acompanharam os requerimentos apresentados por Zausmer, pois indicam o ingresso ilegal de judeus no Brasil em caráter temporário (turistas ou viagem de negócios). [p.3] Alega que mesmo após o fim desse prazo, obtiveram "novas classificações favoráveis e ilegais". [p.4] 11. O Ministro acusa membros da família Zausmer de terem desembarcado em Santos sem o visto do Consulado em Viena. [p.4] 13. Pede providências ao interventor. [p.4] 14. Espera que o Adhemar de Barros entenda o intuito patriótico das suas acusações, pois estas têm como objetivo "prevenir o agravamento de uma situação que poderá tornar-se (...) prejudicial ao Brasil". [p.4]

- Carimbo: Arquivo Histórico do Itamaraty.