Orientacao antissemita do governo romeno
Registro | RG-ARQ/1305 |
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Classificação | Confidencial |
Tipologia | Oficio |
Data | 1938-01-25 |
Cidade | Bucareste |
País | Roménia |
Código | 11 |
Páginas | 3 |
Idioma | Português |
Instituição de origem
De: Cyro de Freitas Valle
Cargo: Representante do Brasil na Legação em Bucareste
Instituição: Legação do Brasil em Bucareste
Instituição de destino
Para: Mário de Pimentel Brandão
Cargo: Ministro de Estado das Relações Exteriores
Instituição: Ministério das Relações Exteriores
Cyro de Freitas Valle comenta sobre seu receio em relação à conduta de Octavian Goga, em razão de suas promessas de antissemitismo e xenofobia, postulados do Partido nacional-cristão, ao qual não deixaria de mostrar fidelidade.
Afirma que o governo reclamou a "presença nas companhias estrangeiras de um maior número de empregados romenos, bem como um controle mais rigoroso das atividades de cada empresa por parte dos comissários do governo".[p.01] Mas que a romênia não dispões de força para para fazer prevalecer contra as empresas, que são em sua maioria britânicas e norte-americanas.
Cyro afirma que em relação ao antissemitismo, a atitude governamental tem sido de verdadeira violência: "foram logo suspensos todos os periódicos em que trabalhavam judeus. Estes têm sido deslocados dos empregos públicos. os advogados foram temporariamente excluídos do Palácio da Justiça. Os médicos dos hospitais. Os donos de casas distribuidoras de artigos do Monopólio do estado de seu comércio". [p.02]
Relata que o Ministro Britânico chamou a atenção do governo para os compromissos assumidos pela Romênia ao assinar em 1919 o tratado de proteção das minorias. Abordagem que foi apoiada pelo ministro da França e pelo ministro dos Estados Unidos. "O governo, a fim de responder a tais reparos, baixou um decreto mandando rever todos os registros de cidadania a partir de 1920. Caberá ao judeu fazer a prova, nem sempre facil, de que ele aqui se encontrava legalmente já naquele ano." [p.02]
Cyro afirma que "o principal consiste em saber para onde se há de fazer o êxodo. Os países limítrofes já fecharam as portas à imigração romena. O principio estabelecido pelo snehor Goga é o de que cada judeu será devolvido para a terra de que veio."[p.03]
Conclui que "manda à justiça reconhecer que a Romênia foi vitima depois da Grande Guerra de várias e importantes migrações em massa de judeus"[p.03] e que o Rei Carol II reconheceu em um diário que o sentimento antissemita é extremamente forte no país, mas que o papel do soberano consiste em escolher se deve seguir ou contrarias as inclinações de seu povo. E "no caso da constituição do Gabinete Goga, cujo antissemitismo era conhecido, não teria feito o Rei senão obedecer à indicação nacionalista que denunciavam as cifras das ultimas eleições".[p.03]