Memorial apresentado pelo Comitê representativo dos interesses dos judeus alemães no Brasil

1. O documento expõe as condições jurídicas e morais dos refugiados israelitas da Alemanha. Segundo o memorial, os refugiados foram perseguidos, expulsos de sua terra natal, perderam quase todos os seus bens e foram separados de suas famílias, foram aprisionados e encaminhados aos campos de concentração. Ao chegarem no Brasil, com passaportes alemães, foram classificados, pela lei imigratória, como "alemães", e foram equiparados aos nazistas, sendo também responsabilizados pelos ataques sobre navios brasileiros. [p.2]

2. Assim, pedem para que discriminem os "alemães" dos "judeus alemães", que seriam aliados do Brasil, não seus inimigos. Fica claro no documento a intenção dos refugiados judeus em adotar o Brasil como pátria definitiva, contribuindo para o desenvolvimento do país. Os refugiados podem radicar-se como cidadãos brasileiros, visto que muitos de seus filhos são de fato nascidos no Brasil, freqüentando escolas brasileiras; citam a participação e integração deles na cultura e economia do país, e suas contribuições técnicas e intelectuais. [p.2]

3. Os refugiados citam sua condição de apátridas e a retirada de seus direitos de cidadania germânica, assim como a perda de seus bens; pedem que o governo brasileiro considere a situação dos refugiados israelitas, "libertando-os do ónus que atualmente restringe a sua liberdade social e económica, excluindo-os dos efeitos do decrêto-lei 4.166 de 11-3-42". [p.3]

No memorial, citam um trecho do artigo "Os Bens Alemães no Estrangeiro", que versa sobre a Comissão de Bens Alemães no Estrangeiro. Esta teria a função de administrar qualquer negócio ou corporação que estivessem organizadas "sob as leis alemãs ou tendo sua matriz principal na Alemanha". [p.4]

- Nota manuscrita: "chegou ao Arquivo em 1.8.46".