Novas medidas de exceção contra os israelitas

O documento é um ofício reservado de Moniz de Aragão, Embaixador do Brasil em Berlim, que informa as medidas de exclusão tomadas durante o Congresso de Nuremberg em relação aos judeus que vivem no território do Reich. [p.1]

2. "De accordo com essas determinações, qualquer allemão póde recusar-se a commerciar com os judeus, a lhes vender artigos alimenticios e objectos de uso corrente, assim como negar-se a lhes alugar locais de habitação ou de commercio". [p.1]

3. Recusar-se a negociar com judeus é um direito que o cidadão alemão passa a ter, reconhecido pela "Correspondência do Partido Nacional Socialista", orgão oficial nazista, o qual determina as "medidas legaes de excepção e exclusão". [p.1]

4. "Nenhuma penalidade poderá, de ora em deante, ser applicada aos negociantes que se recusarem a vender [p.1] viveres aos judeus e podem mesmo annunciar esse proposito em cartazes collocados nas suas lojas ou armazens". [p.2]

5. "Em cada cidade, communa ou municipio, a policia póde expulsar ou prohibir a residencia de judeus cuja attitude seja susceptivel de incommodar a população". [p.2]

6. A presença de judeus fica proibida em "todos os casinos municipaes e nas cidades de verão". "Os hoteleiros podem espontaneamente recusar hospedes que não sejam aryanos". [p.2]

7. Tal medida é aconselhável, segundo a "Correspondência do Partido Nazista" para preservação e pela preocupação dos arianos em proteger seu prestígio e seus interesses econômicos. [p.2]

9. Berlim e outras cidades adotam a separação de bancos especiais para judeus nos locais públicos; tais bancos são pintados de amarelo. Os destinados aos arianos são pintados de branco.

10. Segundo Moniz de Aragão, as medidas tomadas "tem provocado uma grande emoção entre os israelitas que ainda residem na Allemanha".

- Carimbo: S. de E. das Relações Exteriores. Serviço de Comunicações. 28/10/1937. Nº 13319.