O discurso do Fuhrer
Registro | RG-ARQ/390 |
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Classificação | Reservado |
Tipologia | Oficio |
Data | 1937-02-02 |
Cidade | Berlim |
País | Alemanha |
Código | 45 |
No. Doc. | 600(81) |
Páginas | 7 |
Idioma | Português |
Instituição de origem
De: Moniz de Aragão
Cargo: Embaixador do Brasil em Berlim
Instituição: Embaixada dos Estados Unidos do Brasil em Berlim
Instituição de destino
Para: Mário de Pimentel Brandão
Cargo: Ministro de Estado Interino das Relações Exteriores
Instituição: Ministério das Relações Exteriores
O Embaixador Moniz de Aragão informa ao Ministro Mario de Pimentel Brandão sobre a importância do discurso de Hitler feito no dia 30 de janeiro de 1937. Afirma ser esse discurso o mais importante desde sua ascenção ao poder. [p.1]
2. Esta importância se dá devido tanto ao que está no discurso quanto o que ele nao menciona. [p.1]
3. Nos meios diplomáticos, o discurso foi acolhido favoravelmente; do lado alemão mas com reserva por parte dos estrangeiros. [p.1]
6. O "discurso é sensivelmente differente no tom dos anteriormente feitos pelo Führer, e a forma pela qual apresenta os seus argumentos e reivindicações de ordem politica differem igualmente da precedentemente adoptada". [p.2]
7. O embaixador ainda afirma que apesar de Hitler ter declarado não querer praticar uma política de isolamento para a Alemanha, ao manter seu plano econômico, age com uma "politica mais orientada para o isolamento do que para uma colaboração com os demais paizes". [p.2]
10. Moniz cita o problema colonial: os debates em torno do assunto geraram a guerra da Etiópia e "a suppressão integral da colonias allemãs deve ser considerada como o inicio da irritação que reina nos meios politicos e militares da Allemanha, e que desde 1918 tem sempre compromettido todas as possibilidades de [p.3] accôrdo para defesa da paz". [p.4]
11. Sobre as tentativas de resolução desse impasse, o Embaixador relata a circulação de boatos, segundo os quais as grandes potências negociavam secretamente um possivel arranjo as custas de pequenas nações e afirma que "de facto existiu esse proposito por parte dos Gabinetes de Londres e de Paris". [p.4]
12. Afirma que no entanto que o Chanceler Hitler anulou em seu discurso essa manobra, não querendo novas colônias nem prejudicar interesses de terceiros, mas reclama a restituição à Alemanha de suas antigas colônias. [p.4]
16. Sobre o desarmamento, Moniz de Aragão relata que Hitler "affirmou que os armamentos de cada paiz não podem ser determinados senão pelas ameaças externas da qual é objecto, e a quaes ninguém, senão o interessado, poderá julgar" [p. 5].
17. E em sua opinião "a questão dos armamentos está intimiamente ligada à das allianças e aos accôrdos de assistencia mutua. Sob o ponto de vista allemão, o accôrdo franco-sovietico permanece como sendo o principal obstaculo a qualquer entendimento com a França, impedindo a elaboração de qualquer plano constructivo da Europa". [p.5]
21. Conclui: "julgo que as divergencias de ordem politica permanecem consideraveis" sendo que "o essencial é que a discussão prosiga de forma leal e cortez. O Senhor Hitler já declarou que não fará mais surprezas ao mundo, e isso indica que o caminho para um apaziguamento das paixões está francamente aberto, pois evitando de agir violentamente sobre os nervos dos seus intelocutores, elle contribuirá, ao mesmo tempo, para que não seja fornecido o ensejo para respostas aggressivas [p.6] que poderiam exasperar a opinião publica, tanto na Allemanha como na França". [p.7]
- Carimbo: S. de E. das Relações Exteriores. Serviço de Comunicações. 26/02/1937.