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O problema dos refugiados da Alemanha

Registro RG-ARQ/850
Classificação Ostensivo
Tipologia Oficio
Data 1938-12-17
Cidade A Haia
Estado Zuid-Holland
País Países Baixos
Código 230
No. Doc. 640.16(99)
Páginas 7
Idioma Português

Instituição de origem

De: J. de Moraes Barros
Cargo:
Instituição: Legação do Brasil em Haia

Instituição de destino

Para: Oswaldo Aranha
Cargo: Ministro das Relações Exteriores
Instituição: Ministério das Relações Exteriores

J.de Moraes Barros, representante da Legação do Brasil em Haia relata a Oswaldo Aranha, Ministro das Relações Exteriores sobre a posição da Holanda quanto ao problema dos refugiados. Segundo Moraes Barros, a Holanda se mantém numa posição defensiva com relação a este problema por não possuir, naquelas circunstâncias, recursos suficientes para a manutenção do excessivo número de refugiados vindos da Alemanha, problema que teria se agravado em virtude da anexação da Áustria pelo Reich.

Apesar de solidarizar-se com a população judaica perseguida na Alemanha, a Holanda não poderia abrir indiscriminadamente suas fronteiras, sem que com isso prejudicasse seus interesses econômicos.

"A primeira condição para conseguir a licença de ingresso no país é a econômica, pois as autoridades precisam ter a segurança de que os refugiados não ficarão a cargo da assistência pública das comunas". [p.4]

Juntamente com o Governo holandês, os governos da Bélgica, da França, da Suíça, da Dinamarca e da Inglaterra estariam elaborando planos de assistência aos refugiados alemães. No entanto, "o Governo Belga estaria disposto a receber [...] algumas centenas de expatriados. O Governo Suíço replicou que seu país já havia dado sobejas provas da sua melhor vontade de receber as vítimas da política alemã, mas que em vista de sua situação geográfica, da sua já grande população estrangeira e, sobretudo, da desocupação que há anos vem reinando entre os emigrados da Alemanha, sua capacidade de acolher refugiados já estava saturada". [p.6]

No caso da Inglaterra, as instruções são no sentido de conceder visto a todo imigrante que possuir recursos suficientes e de alocá-los no setor agrícola. Também se teria cogitado a possibilidade de estabelecer os refugiados em territórios coloniais britânicos.

Referindo-se novamente ao caso holandês, o autor informa que, "em vista da entrada semanal, em média, de 1000 refugiados, logo chegará o dia em que será fatal o fechamento da fronteira, continuando aberta somente para os casos de estágio em trânsito". [p.7]

- Carimbo: S. de E. das Relações Exteriores. Serviço de Comunicações. 19/01/1939. nº 01378.- Carimbo: Saído. 19/01/1939.