Desenho do Caderno ''Visões de Guerra 1940-1943''
Registro | RG-ICO/11 |
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Suporte | Papel |
Técnica | Tinta vermelha, preta e amarela a pena e aguada |
Tipologia | Desenho |
Author name | Lasar Segall |
Data | 1940-01-01 |
Cidade | São Paulo |
Estado | São Paulo |
País | Brasil |
Natureza do objeto | Réplica |
Cortesia de | Museu Lasar Segall |
Desenho do Caderno ''Visões de Guerra 1940-1943''. Esse é um dos desenhos que traz um olhar premonitório do Holocausto, dos judeus não sobrevivendo aos campos de concentração. Esqueletos em aflito movimento, acossados por animais raivosos, tendo no fundo pedras tumulares com a estrela de Davi - parecidas com as da gravura Três figuras do álbum recordação de Vilna em 1917 -. mostra que Segall percebia o que estava acontecendo com a sua gente.
Essa é uma das 75 imagens da guerra desenhada pelo artista Lasar Segall (1891-1957) entre os anos de 1940 e 1943. São aquarelas que compõem o caderno do artista denominado Visões de Guerra, que jamais foi publicado. Os desenhos da Segunda Guerra Mundial foram feitos por Segall, nascido na Lituânia, quando já estava vivendo no Brasil. Através deste conjunto de imagens, Segall faz uma dura crítica à guerra valendo-se das suas lembranças sobre a Primeira Guerra Mundial, assim como dos relatos de amigos, notícias de jornais e rádio que tratavam dos horrores perpetrados pelos nazistas na Europa. Esta foi a forma utilizada pelo artista para denunciar a guerra, o Holocausto e o antissemitismo ao incluir cenas de pogroms ocorridos na Rússia no fim do século XIX e início do século XX, campos de concentração, êxodos e a morte de milhares de crianças, homens e mulheres.
Para fechar o caderno, Segall ilustrou a imagem de duas mãos segurando uma pomba, símbolo de esperança. Os originais que compõem o Caderno Visões de Guerra não estão numerados, e pertencem ao acervo do Museu Lasar Segall em São Paulo.
Lasar Segall: renomado artista plástico judeu e um dos principais nomes do modernismo brasileiro, nasceu em 21 de julho de 1889, na cidade de Vilna (capital da atual República da Lituânia). Com influências do expressionismo e impressionismo, Segall abrange diversas temáticas em suas obras e teve a migração como foco principal em muitas delas. Por ser judeu e discriminado como tal na Alemanha onde estudou, a perseguição, a discriminação e a violência fizeram parte de toda a sua infância, vivida sob o regime czarista vigente no Império Russo. Engajado politicamente e com responsabilidade social, retratou as imigrações, os pogroms e o Holocausto, em muitas de suas obras[3]. Grupo de emigrantes no Tombadilho (1928), Emigrantes (1929), Primeira Classe (1929) e Navio de Emigrantes (1939-1941) são exemplos de representações dessa temática. Em Navio de Emigrantes, obra produzida no contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1941), o artista retratou a intensa experiência da migração, enquanto um artista migrante auto-exilado no Brasil, com o intuito de expressar seus sentimentos de protestos e angústia diante do destino forçado de milhares de judeus refugiados e aqueles que foram assassinados em campos de concentração. Segall faleceu em São Paulo (SP), Brasil, em 02 de agosto de 1957. Toda a sua obra pode ser visitada no Museu Lasar Segall, com sede na Rua Berta, n. 111, Vila Mariana, em São Paulo.
Saiba mais: http://www.museusegall.org.br/acervo/
Bibliografia:
CARNEIRO, Maria Luiza Tucci; LAFER, Celso. Judeus e Judaismo na Obra de Lasar Segall. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004; CARNEIRO, Maria Luiza Tucci, “Lasar Segall: Artista-símbolo dos judeus na diáspora”, In: revista Morashá, 2021. Disponível em: http://www.morasha.com.br/arte-e-cultura/lasar-segall-artista-simbolo-dos-judeus-na-diaspora.html. Acesso em: 02 ago 2022.